Você olha para o relógio e ele marca 3h da manhã.
Seu bebê está acordado, cheio de energia, enquanto você mal consegue manter os olhos abertos.
O desespero bate: será que um dia ele vai dormir direito?
Eu e a Re, minha esposa, já esperávamos que as noites fossem difíceis no começo, mas a real é que a gente subestimou o impacto de dormir mal por vários dias seguidos. O cansaço acumula, o estresse sobe, e de repente você se pega discutindo sobre qual fralda vaza menos como se fosse uma questão de vida ou morte.
A boa notícia? Existem formas de melhorar isso. Pequenos ajustes na rotina, no ambiente e nos hábitos do bebê podem fazer uma grande diferença.
Se você já tentou de tudo (ou acha que tentou), calma! Separei 10 dicas práticas para ajudar seu bebê a dormir melhor – e você também.
Agora, um aviso importante: qualquer dúvida que você tiver sobre o sono (ou qualquer outra coisa relacionada ao seu bebê), fale sempre com o pediatra. Cada bebê tem suas particularidades, e nada substitui um acompanhamento médico.
Dito isso, vamos para às dicas que funcionaram comigo e que também pode funcionar com você (e seu bebê)?
Ruído branco
Se tem uma coisa que me pegou de surpresa foi descobrir que bebês dormem melhor com barulho do que no silêncio absoluto. Parece loucura, né? Mas faz sentido quando a gente pensa que, dentro da barriga, o bebê passou nove meses ouvindo um barulho constante – o coração da mãe, o fluxo sanguíneo, a digestão…
Aqui em casa, o ruído branco virou nosso melhor amigo. Colocávamos um som de ventilador ou de chuva para o Bernardo e, de repente, ele relaxava muito mais rápido. A mágica? O ruído branco abafa outros sons da casa (tipo o vizinho arrastando móveis às 11 da noite) e cria um ambiente familiar pro bebê.
Dicas para usar o ruído branco:
- Pode ser um ventilador, um aplicativo de sons ou até aparelhinhos específicos de ruído branco.
- O volume deve ser moderado, algo em torno de 50 decibéis (tipo o som de um chuveiro ligado no outro cômodo).
- O ideal é ligar o som antes do bebê adormecer.
NOTA: Eu, particularmente, recomendo investir em um aparelho de ruído branco. É bem baratinho, você pode levar pra qualquer lugar. Apesar de ter apps pra celular pra isso, você deixar o seu aparelho “preso” no quarto do seu bebê não faz muito sentido.
Vou deixar aqui pra vocês o produto que comprei e que funciona muito bem:
Mas atenção: nada de colocar o som muito alto ou muito perto do berço. O objetivo é acalmar, não deixar o bebê no meio de um show de rock.
Rotina do sono
No começo, a gente achava que era só o Bernardo ficar com sono que ele ia apagar naturalmente. Puro engano. O que acontecia, na verdade, era um bebê irritado, lutando contra o sono e acordando de hora em hora.
Foi só quando criamos uma rotina previsível que as coisas começaram a melhorar. O bebê pode não entender as horas no relógio, mas ele percebe padrões. Se todo dia antes de dormir acontece a mesma sequência de coisas, o corpo já começa a se preparar para desligar.
Aqui em casa, a rotina é assim:
🛁 Banho morninho – já dá aquela relaxada.
🍼 Mamada ou última refeição do dia – barriga cheia, bebê mais calmo.
📖 História ou música tranquila – um momento de aconchego e conexão.
🌑 Luz apagada + ruído branco – reforçando que a noite chegou.
E o mais importante: fazer isso sempre no mesmo horário. No começo, pode parecer que não está funcionando, mas depois de alguns dias o bebê já associa esses passos ao sono.
Se tem um segredo pra melhorar as noites, é a repetição. Quanto mais previsível for a rotina, mais fácil o bebê se entrega ao sono.
Vale testar por aí!
Banho com chá de camomila
Aqui em casa, o banho sempre foi um dos momentos mais tranquilos do dia. Mas essa dica específica veio de um lugar inusitado: o técnico do ar-condicionado.
Sim, quando estamos com um bebê que não dorme, pegamos conselhos de qualquer lugar possível. Esse rapaz veio fazer manutenção aqui em casa e, no meio da conversa, comentou que tinha uma bebê que também não dormia nada. O pediatra dele recomendou o banho com chá de camomila, e ele disse que funcionou muito bem.
No mesmo dia, eu e a Re já estávamos no mercado comprando camomila a granel pra testar. E por incrível que pareça, percebemos que realmente ajudou. Não foi nada milagroso, mas o Bernardo pegou no sono com mais facilidade.
A camomila tem propriedades calmantes naturais e pode ajudar a reduzir a agitação do bebê. E não, não precisa dar o chá para ele beber! A ideia é misturar o chá na água do banho, deixando aquele cheirinho suave no ar e ajudando o corpo a desacelerar.
Se quiser testar por aí, é simples:
- Faça um chá de camomila bem concentrado.
- Espere amornar e coe se estiver usando camomila em folhas.
- Despeje na água do banho do bebê e misture bem.
O ideal é que a água esteja entre 36°C e 37°C, bem confortável.
Se o bebê for mais sensível a cheiros, dá pra testar apenas borrifando um pouco do chá no bercinho antes da soneca.
Aqui funcionou bem, mas cada bebê reage de um jeito. Vale testar por aí e ver se o banho com camomila ajuda a dar aquela acalmada antes do sono.
Quarto totalmente escuro
Se tem uma coisa que aprendemos na prática, foi que qualquer faixinha de luz pode atrapalhar o sono do bebê. No começo, deixávamos um abajur baixinho ou um LED ligado, achando que seria mais confortável para o Bernardo. Mas o que acontecia? Ele continuava acordando várias vezes à noite.
Foi só quando testamos deixar o quarto 100% escuro que percebemos a diferença. A ciência explica: a produção de melatonina, o hormônio do sono, só acontece no escuro. Qualquer luz, mesmo fraquinha, pode confundir o cérebro do bebê e atrapalhar o descanso.
Então, aqui vão algumas dicas que salvaram nossas noites:
✅ Blackout nas janelas – Cortinas escuras ou até um lençol provisório ajudam muito. O quarto precisa ficar na escuridão total.
✅ Nada de luzes de LED – Aquela luzinha azul do roteador, o visor do ar-condicionado… tudo isso pode atrapalhar. Um pedacinho de fita isolante por cima resolve.
✅ Evitar acender luzes nas trocas da madrugada – Se precisar trocar a fralda ou amamentar, use uma luz bem fraquinha e quente (tipo um abajur com lâmpada amarela no canto do quarto).
No início, pode parecer estranho deixar o bebê dormir no escuro total. Mas, depois que acostumamos, percebemos que ele pegava no sono mais rápido e acordava menos vezes à noite.
Sono de qualidade durante o dia
No começo, eu e a Re achávamos que, se o Bernardo dormisse menos durante o dia, ele ficaria exausto e apagaria a noite inteira. Afinal, adulto quando fica muito cansado dorme direto, né? Mas, com bebê, a lógica é outra.
O que acontecia era um ciclo de terror: ele chegava no fim do dia irritado, chorava mais do que o normal e lutava contra o sono com todas as forças. Em vez de dormir bem, ele acordava ainda mais vezes durante a noite.
Foi aí que, conversando com uma consultora de sono, entendemos que sonecas bem distribuídas ao longo do dia são fundamentais para um sono tranquilo à noite. Bebês que dormem bem durante o dia não chegam exaustos no fim da tarde, e isso faz com que peguem no sono mais facilmente na hora certa.
Aqui estão algumas dicas que nos ajudaram a acertar isso:
✅ Ficar atento às “janelas de sono” – Bebês pequenos não aguentam longos períodos acordados. Quando passam do ponto, o nível de cortisol sobe e eles ficam agitados. O segredo é observar os sinais de sono (bocejos, olhinhos vermelhos, esfregar o rosto) e colocar para dormir antes de chegarem no limite.
✅ Criar um ambiente favorável – Mesmo de dia, o local da soneca precisa ser confortável, silencioso e escuro. Se o bebê se acostumar a dormir só no colo ou no carrinho, pode ter mais dificuldade de pegar no sono sozinho depois.
✅ Evitar cochilos muito longos no fim do dia – Se o bebê tira uma soneca de 3 horas às 18h, pode ter dificuldade para dormir cedo. O ideal é que a última soneca termine pelo menos 1 hora antes do horário de dormir.
Idade do Bebê | Sonecas por Dia | Número das Sonecas | Horas de Sono Noturno | Total de Horas de Sono por Dia |
---|---|---|---|---|
0 a 4 semanas | 4 a 6 | 30 min a 2h | 8 a 9h | 14 a 17h |
1 a 2 meses | 4 a 5 | 45 min a 2h | 9 a 10h | 14 a 16h |
3 a 4 meses | 3 a 4 | 45 min a 2h | 10 a 11h | 12 a 15h |
5 a 6 meses | 3 | 1h a 2h | 10 a 12h | 12 a 14h |
7 a 9 meses | 2 a 3 | 1h a 2h | 10 a 12h | 11 a 14h |
10 a 12 meses | 2 | 1h a 2h | 10 a 12h | 11 a 14h |
Depois que ajustamos as sonecas do Bernardo, ele começou a dormir muito melhor à noite. Pode parecer que mais sono durante o dia atrapalha, mas, na verdade, ajuda o bebê a descansar melhor de madrugada.
Evite telas antes de dormir
A gente já sabe que passar muito tempo no celular ou na TV antes de dormir pode atrapalhar o nosso sono. Com os bebês, o efeito é ainda pior.
Aqui em casa, demoramos um tempo para perceber isso. A gente ligava um desenho bonitinho, enquanto esperava o Bernardo ficar sonolento, achando que era algo inofensivo. Mas, na prática, parecia que ele ficava mais agitado depois de ver a tela.
O motivo? A luz azul emitida por telas de TV, celular e tablet interfere na produção de melatonina, o hormônio do sono. Isso significa que, em vez de preparar o corpo para relaxar, o cérebro entende que é hora de ficar acordado.
Depois que começamos a evitar telas à noite, percebemos que o Bernardo ficava menos agitado e pegava no sono mais rápido. Foi uma mudança simples, mas que ajudou muito!
Vale testar aí também (inclusive com você – às telas prejudicam os adultos da mesma forma).
Temperatura do quarto
O Bernardo nasceu no dia 24 de junho, em pleno inverno. E, na nossa cabeça, bebê recém-nascido é muito frágil. Se a gente estava com frio, imagina ele!
Foi aí que começamos a transformar o quarto dele em uma verdadeira sauna. Aquecedor ligado no máximo, várias camadas de roupa, cobertor por cima… parecia um hotel cinco estrelas para pinguins. O problema? Isso só piorou o sono dele.
Ele suava, se mexia sem parar e acordava toda hora irritado. Foi só depois de conversar com o pediatra que entendemos que bebês sentem muito calor e que o ideal era manter um equilíbrio na temperatura do ambiente.
O que funcionou pra gente? Primeiro, regulamos o quarto entre 20°C e 22°C, e isso já fez uma diferença enorme. Também trocamos as roupas de tecido pesado por pijaminhas leves de algodão, sem tantas camadas.
Outra coisa: a gente achava que mãos e pés gelados eram sinal de frio, mas o que realmente importa é a temperatura da nuca e das costas. Se estiverem quentinhas, está tudo certo. Se suadas, é porque o bebê está com calor.
Ah, e uma dica extra para quem mora em regiões mais secas: um umidificador ajuda bastante a manter o ar confortável para respirar, principalmente no inverno.
Depois que ajustamos tudo isso, o sono do Bernardo melhorou muito. Menos calor, menos irritação, menos despertares.
Objeto de transição
No começo, eu e a Re não fazíamos ideia do que era um objeto de transição. Até que uma amiga nossa, que já tinha passado por essa fase, nos falou sobre o poder que um simples paninho ou bichinho pode ter na vida do bebê.
A ideia é simples: o bebê cria um vínculo emocional com um objeto macio, e isso ajuda a trazer segurança na hora de dormir. O objeto funciona como um “companheiro”, algo que ele associa ao conforto e ao sono.
Com o Bernardo, escolhemos um paninho macio. No começo, deixávamos ele perto da gente durante o dia, para pegar nosso cheiro. Aos poucos, fomos percebendo que, quando ele estava com aquele paninho na mão, ficava mais calmo e pegava no sono com mais facilidade.
Se quiser testar com seu bebê, aqui vão algumas dicas:
- Escolha um objeto seguro: paninhos macios e pequenos bichinhos de pelúcia são ótimas opções. O importante é que não tenha partes que possam se soltar ou representar risco de sufocamento.
- Introduza aos poucos: deixe o objeto perto do bebê nos momentos de aconchego, como na hora da mamada ou do colo, para ele começar a associar com segurança.
- Use o mesmo objeto sempre: a graça do objeto de transição é a constância. Se cada dia for um diferente, o bebê não cria esse vínculo.
Com o tempo, esse objeto pode ajudar o bebê a se sentir mais seguro e a voltar a dormir sozinho quando acordar de madrugada. Aqui funcionou super bem!
Importante: bebês precisam de um ambiente seguro para dormir! Nada de cobertas soltas ou bichos de pelúcia grandes no berço.
Roupas confortáveis
No começo, a gente adorava colocar o Bernardo em roupinhas fofas, cheias de detalhezinhos, botões e até golinhas estilosas. Mas não demorou muito para percebermos que, na prática, o que é bonito nem sempre é confortável – e um bebê desconfortável não dorme bem.
Tinha noite que ele se remexia sem parar, acordava chorando do nada, e a gente sem entender o motivo. Até que um dia, trocando ele no meio da madrugada, percebemos que a etiqueta da roupa estava arranhando a nuca.
Divs: corte as etiquetas de todas às roupas do seu bebê.
Depois disso, passamos a prestar mais atenção nas roupinhas. Primeiro, abandonamos tecidos sintéticos e priorizamos algodão, que é mais respirável e mantém a temperatura equilibrada. Também começamos a evitar costuras grossas e etiquetas, porque, por menor que pareçam, podem incomodar muito a pele sensível do bebê.
Outra coisa que fez diferença foi testar pijamas mais larguinhos. No começo, achávamos que roupas justinhas eram melhores para manter ele aquecido, mas percebemos que, com mais espaço para se mexer, ele dormia muito mais tranquilo.
E tem os botões e zíperes. O Bernardo dorme muito de bruços, e se o macacão tem botões no meio da barriga, incomoda demais.
Se o seu bebê acorda chorando sem motivo aparente, dá uma conferida na roupinha. Pode estar aí a resposta para noites mais tranquilas!
Paciência até os 6 meses
Se tem algo que aprendi na prática, foi que ter um bebê significa testar todos os métodos possíveis para ele dormir melhor. E, mesmo fazendo tudo certo, algumas noites ainda serão difíceis.
No começo, eu e a Re ficávamos desesperados quando o Bernardo acordava várias vezes na madrugada. A gente pensava: “Será que estamos errando em alguma coisa?”. Mas aí fomos entendendo que, antes dos 6 meses, o sono do bebê ainda está se desenvolvendo.
Os bebês nascem sem o ciclo circadiano bem ajustado. Eles não sabem a diferença entre dia e noite e precisam de tempo para regular isso. Além disso, nos primeiros meses, o sono é muito mais leve e fragmentado, porque eles ainda estão aprendendo a passar pelas fases do sono como um adulto.
Isso significa que, mesmo seguindo todas as dicas – rotina, ruído branco, ambiente escuro, roupas confortáveis – o bebê ainda pode acordar muitas vezes durante a noite. E está tudo bem.
O que ajudou muito aqui foi aceitar que o sono do bebê não melhora de um dia para o outro. É um processo. A partir dos 3 ou 4 meses, as coisas começam a mudar, e, lá pelos 6 meses, a maioria dos bebês já está dormindo períodos mais longos.
Dica extra: consultora do sono
Se tem um investimento que valeu cada centavo aqui em casa, foi contratar uma consultora do sono infantil.
Depois de muitas noites caóticas, decidimos procurar ajuda profissional. E foi um divisor de águas! A consultora nos ajudou a entender os padrões de sono do Bernardo, ajustar a rotina e identificar pequenos erros que estavam atrapalhando o descanso dele.
O melhor de tudo? Ela nos acompanha até hoje, porque cada fase traz novos desafios.
Se você já tentou de tudo e o sono do seu bebê ainda está um caos, recomendo muito buscar uma profissional especializada. Às vezes, um olhar de fora pode fazer toda a diferença para trazer mais tranquilidade para as noites (e para a sanidade dos pais!).
Conclusão
O sono do bebê é um grande quebra-cabeça. Não existe uma única solução mágica, e o que funciona para um pode não funcionar para outro.
Mas, olhando para trás, vejo que pequenas mudanças fizeram muita diferença: um quarto mais escuro, um banho relaxante, uma roupinha mais confortável… tudo isso ajudou o Bernardo a dormir melhor.
Claro, teve muito teste, erro e noites mal dormidas no meio do caminho. Mas a real é que, antes dos 6 meses, o sono ainda é uma construção. O bebê está aprendendo a dormir, e nós, pais, estamos aprendendo junto com ele.
Se eu pudesse dar um último conselho, seria esse: tenha paciência e vá ajustando as coisas aos poucos. Algumas noites serão difíceis, mas com o tempo tudo melhora. E quando você menos esperar, vai perceber que aquela fase exaustiva ficou para trás.
No fim das contas, vale a pena. Cada noite difícil é só mais um capítulo dessa jornada incrível de ser pai ou mãe.
Agora me conta: alguma dessas dicas já funcionou por aí? Ou tem outra que deu certo com seu bebê? Vamos trocar experiências!